Depois de ser encenada em 25 países Facas nas Galinhas, do escocês David Harrower, estreia no Brasil com direção de Francisco Medeiros. A montagem, que é uma realização da Barracão Cultural, abre temporada no dia 1º de junho, sexta-feira, no Espaço da Companhia do Feijão, tendo no elenco os atores Eloisa Elena, Cláudio Queiroz e Thiago Andreuccetti.
Facas nas Galinhas é um texto poético e simbólico sobre uma mulher jovem que se passa em uma aldeia, em um tempo arcaico, não definido. Casada com um camponês opressor e, talvez, adúltero, ela tem um encontro com o odiado moleiro (dono do moinho) local que a impulsiona no percurso da descoberta de si mesma. Essa mulher perfaz uma trilha que a leva da ignorância à consciência, do literal ao imaginário, da escravidão à libertação.
Uma mulher jovem leva uma vida de subserviência ao Marido, sem questionar, sem observar, sem apreciar. Apenas vive. O marido é um rude lavrador que tem uma relação não bem esclarecida com os cavalos, que estão sempre em primeiro plano. Eles moram numa cabana, no final do vilarejo, onde todos dependem do moinho para processar os grão e fazer a farinha. O moleiro (homem que possui livros e gosta de escrever e beber) é odiado por todos os habitantes, considerado um explorador (pois quem faz o trabalho é o moinho), um bruxo (sabe de tudo que se fala por ali) e pode ser também um assassino.
Um dia essa mulher sai da cabana e vai levar o almoço para o marido no campo e, pela primeira vez, ela para por um momento e tem sua primeira experiência de contato, de relação, com o mundo. Passa a observar e refletir sobre os fenômenos e as coisas da natureza. Começa aí sua transformação, seu despertar.
Sua relação com o moleiro se dá quando o marido, ocupado com o parto de uma égua, incumbe-a de levar os grãos até o moinho, dizendo que ela só precisa entregar os sacos, aguardar pela farinha e odiar o moleiro. Mas ela encontra um homem que é o oposto do marido, que lhe observa e oferece ajuda. Esse homem colabora para o seu despertar para a vida. É ele quem lhe apresenta, por exemplo, uma caneta. Ela, até então, só usara as palavras pronunciadas.
A pedra do moinho estava velha e a população resolve levar uma pedra nova para agilizar, então, o serviço, quando o moleiro lhes oferece uma bebida. Isto resulta numa série de desdobramentos e envolvimentos entre ele, a mulher e o marido. O desfecho se dá quando vão guardar a pedra velha nos fundos da casa do moleiro que, junto com a mulher, empurra-a para cima do marido, matando-o.
Segundo o diretor Francisco Medeiros, “o percurso desta personagem, num contexto cheio de intrigas e elementos inusitados, é a construção de uma identidade, o desvendamento de um ser. É conquista de uma individualidade”. Essa mulher apresentada por David Harrower é o arquétipo da mulher servil ao marido e que ainda não tem aflorado o exercício da metáfora, do simbólico. De forma brilhante e singular o autor a conduz ao encontro dela com ela mesma, como se fosse a construção de um ser.
Considerado por muitos como um texto difícil de ser encenado, Facas nas Galinhas exige dos atores sua máxima potência cênica. Quanto a isto o diretor confessa: “a peça é de uma simplicidade desconcertante, tão absurda que nos desafia na visualização de uma encenação”. Ele ainda explica que a comunicação calcada na simplicidade não é a mais simples de encenar. “Esta ficção dramática é descamada de truques, desprovida de efeitos e de golpes de teatro, mas tem fortes e potentes ingredientes narrativos”. A direção não se desprende desta simplicidade e explora a força das palavras e situações. “Nosso propósito é evitar a ilustração, a redundância, e convocar o espectador ser parceiro ativo para que, só assim, a obra se complete.” Explica Medeiros.
A solução cenográfica é outro desafio: tem que possibilitar o jogo multifacetado proposto por Harrower, numa cronologia não linear e apelar para a imaginação do espectador diante de uma lógica bem particular. Nesta montagem brasileira o cenário (de Marco Lima) é abstrato e provocativo, em combinação com a luz (de Marisa Bentivegna), importantíssima inclusive nas referencias de tempo (dia e noite) e nos recortes capazes de criar múltiplos ambientes e atmosferas. Uma estrutura circular (como a pedra de moinho) abre várias possibilidades para situar cada cena, cercada por caminhos forrados de sementes (como os grãos de que se faz a farinha). E a concretude desse cenário dá forma e magia a um campo, uma casa, um moinho. A trilha (de Dr Morris) é um “complexo sonoplástico”, uma instalação sonora que combina sons primitivos e naturais, propondo a harmonia entre o texto e natureza bucólica rural.
Ficha técnicaEspetáculo: Facas nas Galinhas
Texto: David Harrower
Tradução: Fábio Ferretti
Direção: Francisco Medeiros
Elenco: Eloisa Elena, Cláudio Queiroz e Thiago Andreuccetti
Trilha sonora: Dr Morris
Cenário e figurino: Marco Lima
Iluminação: Marisa Bentivegna
Coordenação técnica: Maurício Mateus
Instalação sonora: Dr Morris e Maurício Mateus
Preparação corporal: Fabricio Licursi
Designer gráfico: Teresa Maita
Fotografias: João Caldas
Construção de cenário: Ono-Zone Estúdio
Costureira: Benedita Calixtro
Produção executiva: Geondes Antonio
Administração: Marina Porto
Realização: Barracão Cultural – www.barracaocultural.com.br
Texto: David Harrower
Tradução: Fábio Ferretti
Direção: Francisco Medeiros
Elenco: Eloisa Elena, Cláudio Queiroz e Thiago Andreuccetti
Trilha sonora: Dr Morris
Cenário e figurino: Marco Lima
Iluminação: Marisa Bentivegna
Coordenação técnica: Maurício Mateus
Instalação sonora: Dr Morris e Maurício Mateus
Preparação corporal: Fabricio Licursi
Designer gráfico: Teresa Maita
Fotografias: João Caldas
Construção de cenário: Ono-Zone Estúdio
Costureira: Benedita Calixtro
Produção executiva: Geondes Antonio
Administração: Marina Porto
Realização: Barracão Cultural – www.barracaocultural.com.br
Estréia 1º de junho – sexta-feira – às 21 horas
Espaço da Companhia do Feijão
Rua Dr. Teodoro Baima, 68 – República/SP – Tel: (11) 3259.9086
Temporada: sextas e sábados (21 horas) e domingos (19 horas) – Até 15/07
Ingressos: R$ 15,00 (meia R$ 7,50) – Bilheteria: 2h antes da sessão
Informações: (11) 5539-1275
Gênero: Drama
Duração: 80 min.
Classificação estaria: 14 anos
Capacidade: 60 lugares
Estacionamento conveniado (ao lado do teatro): R$ 15,00.
Fonte:http://www.arteview.com.br/index.php/noticias/facas-nas-galinhas-de-david-harrower-ganha-a-primeira-montagem-brasileira/
Espaço da Companhia do Feijão
Rua Dr. Teodoro Baima, 68 – República/SP – Tel: (11) 3259.9086
Temporada: sextas e sábados (21 horas) e domingos (19 horas) – Até 15/07
Ingressos: R$ 15,00 (meia R$ 7,50) – Bilheteria: 2h antes da sessão
Informações: (11) 5539-1275
Gênero: Drama
Duração: 80 min.
Classificação estaria: 14 anos
Capacidade: 60 lugares
Estacionamento conveniado (ao lado do teatro): R$ 15,00.
Fonte:http://www.arteview.com.br/index.php/noticias/facas-nas-galinhas-de-david-harrower-ganha-a-primeira-montagem-brasileira/
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